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Resumo do artigo “Radically open dialectical behavior therapy adapted for adolescents: a case series” (Baudinet et al, 2021)

Imagem por Aedrian via Unsplash

O artigo é sobre um estudo realizado com 28 adolescentes supercontrolados onde foi aplicada a terapia dialética radicalmente aberta adaptada para adolescentes (RO-A). O tratamento inclui 20 sessões do grupo de habilidades (90 minutos), no qual a estrutura e o conteúdo do material foram adaptados à faixa etária, e uma sessão individual por semana (60min). O objetivo consistia em aumentar a espontaneidade desses adolescentes, a flexibilidade cognitiva, melhorar a sinalização social a fim de gerar uma maior conexão social.

No grupo havia altas taxas de depressão e transtornos alimentares, assim como comorbidade entre diversos tipos de transtornos mentais. Dos 28 adolescentes que iniciaram o tratamento, 24 terminaram, ou seja, atingiram as suas metas de valor definidas no início do trabalho.

Como resultado do que foi feito no grupo de habilidades e nas sessões individuais, houve redução dos sintomas de depressão e de transtornos alimentares, da incidência de automutilação e do desconforto. A supressão emocional e a inflexibilidade cognitiva melhoraram consideravelmente, assim como a confiança e a conexão social, ao passo que as tendências temperamentais para irritabilidade, medo e tristeza não sofreram alterações.

De acordo com os achados dos autores, a diminuição dos sintomas de depressão está fortemente associada com as mudanças no aspecto do processamento das recompensas, aumento da conexão social e da confiança, além da redução do retraimento social, desconforto, preocupação e necessidade de aprovação.

Já a redução dos sintomas de transtornos alimentares foi fortemente relacionada ao aumento de estratégias de reavaliação cognitiva para regular as emoções e com a diminuição do desconforto. Além disso, está moderadamente relacionada ao aumento da conexão social e diminuição da necessidade de aprovação.

Nesse sentido, muitos aspectos relacionados ao excesso de controle mudaram ao longo do tratamento, como a diminuição da inflexibilidade cognitiva, do desconforto, da supressão emocional e o aumento da confiança e da conexão social. No entanto não houve alterações nos níveis de perfeccionismo e meticulosidade, sendo uma das hipóteses para isso o fato dos jovens estarem menos motivados para mudar esses aspectos do excesso de controle, visto que é algo valorizado em seu contexto.

Apesar das limitações desse estudo, como o tamanho da amostra, a grande variabilidade na duração do tratamento e o uso de escalas para adultos na ausência de escalas validadas para adolescentes, são fornecidas importantes evidências preliminares atestando que direcionar o foco para o controle excessivo melhora os sintomas psiquiátricos.

Assim, os achados desse estudo sugerem que RO-A pode ser uma excelente forma de auxiliar um grupo trasndiagnóstico que luta com dificuldades significativas e já passaram por outros tratamentos onde não obtiveram sucesso. As descobertas precisam ser testadas e replicadas em grupos maiores e controlados para que possam ser ampliadas.

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Escrito por Juliana Massapust

Doutora em Neurociências pela UFF. Psicóloga pela UFRJ. Certificação em Terapia Comportamental Dialética (Behavioral Tech) e em Terapia Comportamental Dialética Radicalmente Aberta (Radically Open) e Treinamento de Habilidades em DBT (Vincular). Gestora da RO DBT Brasil. Aperfeiçoamento em Terapias Contextuais, Formação em Terapias Contextuais, em Transtornos Alimentares e Obesidade e Terapia Cognitivo Sexual.

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